26 de mai. de 2010

Pedofilia do Hamas: verdade ou manipulação?

(Sobre a mensagem-protesto "Pedofilia do Hamas", que recebi por e-mail.)

Sou muito cético em relação a quase tudo que seja enviado em massa na web e, mais ainda, com suposto aval da mídia/imprensa; neste último caso por entender como os meios de comunicação podem ser tendenciosos ao servir aos interesses de seus exploradores (donos), dirigentes (diretores, redatores), patrocinadores e de governantes e de outras ideologias.

Por exemplo, num jornal que estampa a foto de um político sorrindo e de seu adversário fazendo uma careta, fica clara a preferência ideológica da direção de tal jornal (na verdade, de quem esteja no seu comando).
Digo, com isso, que todos podemos ser, conforme a ocasião, manipuladores ou manipulados por alguém. Isso, dependendo da situação e da relação entre os envolvidos, pode não ter nada demais; ou pode, numa escala maior, gerar ou agravar um conflito internacional.

No que se refere às questões de um povo, ele mesmo deve decidir se determinado assunto interno é ou não um problema e, caso seja, ninguém "de fora" tem o direito de resolvê-lo, a menos que seja solicitado. No máximo, a sociedade internacional pode condenar, solicitar que seja resolvido, ou mesmo retaliar economicamente. Tivemos no Brasil nossos "anos de chumbo", e nós mesmos resolvemos, sem a necessidade de um outro país enviar para cá suas tropas militares. Ninguém gostaria que uma pessoa de fora entrasse em sua casa, sem ser convidada, para resolver questões domésticas ou familiares.

Dei toda esta volta para dizer que suspeitei do conteúdo da mensagem que já recebi mais de uma vez, condenando o casamento de crianças com homens adultos na Palestina, o que para a nossa moderna civilização cristã é considerado pedofilia. Assim, resolvi checar a veracidade da mensagem, ou se isso seria um costume daquele povo (o que equivale a dizer que, se considerado por eles um problema, cabe a eles mesmos resolverem; o máximo que podemos fazer é dizer-lhes que reprovamos este costume.).

Quando quero uma informação oficial, realizo as buscas na web por notícias, já que muitos blogs ou sites apenas reproduzem conteúdo, sem qualquer responsabilidade com verdades relativas ou absolutas e as consequências decorrentes.
Não encontrei em Google/notícias (em português ou inglês), referência direta ao tal casamento, mas há vídeos da TV Al Jazira no Youtube, bem mais completos do que as fotos divulgadas e de outros vídeos que circulam na web.
Acabei chegando ao repórter e autor do vídeo original, Tim Marshall, da SkyNews, que relatou as consequências do vídeo sob o título "Islamophobia. Ignorance Or Propaganda?" (http://blogs.news.sky.com/foreignmatters/Post:dcc9d723-8046-4857-b618-5c1135ba6417), inclusive lamentando a interpretação dada ao fato: "It never struck me for a moment that the little girls might later be described in the bloggersphere as the brides! How naive I am.", e que, na tentativa de mostrar sua visão do fato a um blogueiro, recebeu este tipo de resposta: - Não estou interessado nos detalhes. Como se fosse apenas um detalhe as crianças, segundo ele, não serem as noivas.

Cheguei à conclusão de que, no caso, a veracidade das versões nem é tão importante; o que deve ser checado é nossa vulnerabilidade ante as manipulações a que podemos estar sendo expostos. Dos comentários que encontrei nos blogs que vi, destaco um que dizia que o vídeo poderia ter sido editado, mostrando somente o que interessava aos propósitos de quem o editou (há várias versões do mesmo vídeo) e que, quando se quer direcionar uma opinião, não se conta a história por inteiro.

2 comentários:

  1. Tenho uma postagem no blog http://pansamentojovem.blogspot.com.br/,em que faço um breve artigo mostrando os costumes na Palestina referentes a casamentos.E disponho algumas fotos nas quais se poderão ver como são trajadas as verdadeiras noivas,a presença das meninas como damas de companhia,inclusive,com as próprias mulheres,apesar de não ter sido tão bem sucedido para convencer as cabeças já muito embotadas pelo prconceito,e,pior,pelas convicções infundadas.Porém,minha parte eu fiz.Visite,se assim o desejar.

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  2. Muito bem ilustrado, Guga Viana!

    Sigamos fazendo a nossa parte!

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