23 de abr. de 2009

Metendo o pau no sexo

O título é propositalmente sensacionalista e de duplo sentido, mas a intenção é boa...

Minhas antenas captaram um trecho de conversa num programa de TV onde se falava da relação sexo X filhos. Dizia um dos convidados que os animais não podem evitar filhotes como conseqüência do ato sexual, mas os humanos, em geral, podem escolher se querem ou não evitar a gravidez.
O curioso é que, mesmo com esta possibilidade de escolha, tanta gente esclarecida ou não engravida acidentalmente.

Não tem jeito: o sexo entre humanos heterosexuais engravida. Fora as exceções, como aqueles que não podem gerar filhos pelas suas limitações orgânicas, todos estamos espostos à uma gravidez quando não utilizam algum meio contraconceptivo. Eu, inclusive: culturalmente o homem, por não abrigar o feto, bebê, criança etc., acha que quem engravida é a mulher, mas e a parte dele? Ele esquece; normalmente por que a mulher, por sua vez, também acha que o filho é só dela. Muitas sentem-se culpadas por não term evitado a gravidez, e quando o pai da criança não assume esta paternidade, ela não exige que ele arque com a sua cota de responsabilidade, deixando-o livre para continuar procriando por aí: "Não preciso dele, vou criar meu filho sozinha!". O que tenho visto por aí são pequeninos criados em precárias condições de vida, ou então ciados pelos avós. Estes pais e mães biológicos, livres daquilo que não queriam, mas não evitaram, prosseguem fazendo o que mais gostam e, provavelmente, não tomarão precauções.

O sexo é ótimo, todo mundo quer, todo mundo gosta, quase todo mundo pode. Porém, no "entra e sai" do sexo irresponsável, mais duas coisas devem ser consideradas entre pares hetero não comprometidos entre si: as possibilidades de se contrair e transmitir uma DST ou uma AIDS, e a da gravidez não desejada, que envolve uma criança que merece uma família, amor e respeito.

22 de abr. de 2009

Humor negro - No dos outros é refresco...

Um avião monomotor caiu matando seus ocupantes, uma família que havia comprado o aparelho com o prêmio ganho na megasena. Eles seguiam para um velório. Havia indícios de que um raio abatera a aeronave.
Lendo esta notícia antiga no fórum de um site, encontrei e reproduzo aqui (citando a fonte!) alguns comentários extremamente non sense, apesar da seriedade do caso.

Primeiro um “bate-boca” entre dois participantes: um deles, sugerindo ao autor da postagem que usasse o bom senso citando a fonte de onde extraiu a notícia; o tal autor, por sua vez, respondendo: “Não ponho, não ponho e não ponho! :p”
Tsk, tsk. Tsk... Um sugerindo adultamente ao outro, que responde como uma criança rebelde.

Depois, os engraçadinhos e os que não sabem ler:
“Pobre é que nem lombriga... quando sai da merda morre... :p :( Triste..”
“Pqp, vai ser sortudo e azarado assim la no inferno.”
“caraca q triste isso pq eles IAM num VELÓRIO ... coincidência, não? :( Digamos q eles foram "a carater" :( Puta azar ”
“Piloto q eh culpado, burro e imundo.....!!”
“Puta azar hein! Tipo, vcs sabem qnts $$$ eles ganharam na mega sena? O herdeiro deve tah pulando d alegria! :)”

16 de abr. de 2009

Acordo ortográfico: Bom para quem?

Tenho dificuldade com mudanças, sobretudo quando elas vêm de fora para dentro, quando sou obrigado a me adaptar a uma situação que não foi provocada por mim. Algumas delas são inevitáveis para a maioria das pessoas: a perda de um emprego, o afastamento de alguém querido do seu convívio, uma paraplegia... Entre as evitáveis, pode estar a nova reforma ortográfica, se o seu trabalho ou sua formação não dependerem de uma escrita correta.

Eu gosto de escrever, mas como meu trabalho não está diretamente relacionado à esta habilidade, pensei em ignorar o acordo entre os países de língua portuguesa. Mas, em nome deste prazer, vou cedendo aos poucos, o que não quer dizer que concordo. Encaro esta reforma como uma dessas mudanças empurradas goela abaixo. Ter de esquecer regras que levamos alguns anos para aprender, e simplesmente trocá-las por outras regras, sem uma utilidade convincente, não é sensato, e pelo que andei pesquisando meu raciocínio não é diferente do de muita gente especializada no assunto.

Numa reportagem de Filipa M. Ribeiro intitulada "Acordo ou desacordo?", para o site www.editonweb.com, Luiz Carlos Cagliari, docente no departamento de Linguística da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (Unesp) diz: "as reformas ortográficas têm sido feitas sem o conhecimento científico sobre o que é realmente a ortografia. É daí que resultam muitos equívocos". (...) Os argumentos a favor da reforma são "insuficientes". "Um deles é o que diz que a reforma vai «facilitar o uso da língua». Mudar a ortografia não facilita a vida de ninguém, porque a ortografia não representa a fala de ninguém. É simplesmente uma representação gráfica que permite a leitura", exemplifica.
No mesmo site, Paulo Osório, linguista e professor na Universidade da Beira Interior (Portugal) diz: "Quanto às implicações do novo acordo ao nível do ensino do Português, irá dificultar o ensino". (...) "Todos sabemos que o plano sintáctico é o mais complicado de ensinar e as mudanças previstas no novo documento irão provocar grande resistência por parte dos professores", adverte.

Sem considerar aqui as perdas e ganhos econômicos decorrentes, pessoais (jogarei meu dicionário fora e terei de comprar outro atualizado) ou empresariais (livrarias e editoras), sinto este acordo, do lado brasileiro, como uma tentativa de aproximar a linguagem escrita à falada, uma busca por simplificar nosso português; mas as incorreções ortográficas que leio e vejo no dia-a-dia estão se aproximando cada vez mais dos erros de pronúncia comuns nas camadas mais populares. Sem quaisquer preconceitos de minha parte, imagino que relação isso poderia ter com o abandono do ensino público e os altos índices de analfabetismo funcional, com as ações de inclusão digital nas comunidades carentes, e com o fato de termos um presidente da república semianalfabeto. Em outras palavras, por que não investir pesado na educação pública como ela realmente merece, e agora, em vez de ficar procurando (e empurrando-nos) soluções superficiais?

Uma calça velha, azul e desbotada

Sou do tempo em que uma "calça velha, azul e desbotada" era decorrência do seu tempo de uso. Hoje, já é possível comprar uma calça nova, mas com estas mesmas características e mais alguns puídos e rasgos. Só que mais caro que um jeans convencional que, aliás, não é tão fácil de encontrar. Os tamanhos também mudaram. Magros como eu, perderam a vez: os manequins estão maiores. Se antes haviam lojas de roupas especializadas em gordinhos, em breve haverá lojas voltadas para os magrinhos. Tomara, mas corremos o risco de, sendo exceção, pagar mais caro que os outros.
Gostaria de saber se esta mudança de padrão afetou também as mulheres; com tantas modelos semianoréxicas nos eventos de moda, será que a oferta de roupas para magrinhas tem aumentado?

5 de abr. de 2009

Estamos aqui de passagem + Gratidão

Há alguns meses, numa tarde chuvosa de domingo, ouvi na rua uma batida seca, seguida de um “ai” bem alto e de um deslizar de pneus. Um ônibus havia atingido um motoqueiro; assisti de longe o motoqueiro deitado no chão, de capacete, mexendo-se um pouco; enquanto pessoas se aproximavam, pedi a minha família que estava dentro de casa acionasse os bombeiros para o socorro. Após a chegada deles, entrei para outros afazeres. Decorrido um tempo, fui ao terraço observar a cena novamente, e não pude deixar de ficar triste quando o homem permanecia no asfalto enquanto os bombeiros retiravam seus equipamentos e cobriam o corpo. Eu não esperava e nem estava preparado para este desfecho. Pensei de imediato na brevidade da vida. Num instante estamos aqui; no outro, podemos não mais estar. Não importa o motivo, quem bateu em quem (no caso, foi o ônibus que abalroou a moto); uma família perdeu um filho e/ou um “chefe”. O que podemos fazer nestas horas? Eu, faço preces, para o falecido e para seus entes queridos que ficam.

Por que ainda temos tanta dificuldade em lidar com algo inevitável?

Há poucos dias, minha mãe também partiu rumo a pátria espiritual. Creio, o que suaviza o momento que passamos (nós, a família) é a certeza de que fizemos “tudo” que nos foi possível para tornar seus dias melhores; e ela também fez sua parte. Tornando-se, por problemas de saúde, dependente no seu ir e vir (e, parcialmente, no seu pensar), pouquíssimas vezes a vi triste por causa disso. Nestas horas, eu contava alguma piada, fazia alguma palhaçada e ela ria. Outra pessoa viveria deprimida, mas ela sempre se manteve esperançosa aguardando dias melhores. Eu, por minha vez, acabei me limitando também, para não deixar que lhe faltasse o essencial: minha presença, meu “toque”. Abri mão de muitas coisas importantes para mim. Mas não me vanglorio disso; nem me arrependo. Reclamei muitas vezes, mas fiz o que ditava meu coração, em favor dela, mesmo sob as críticas de alguns (poucos), e sob elogios de outros (muitos, diretos e indiretos.)

Finda esta jornada dela aqui na Terra, só tenho a agradecer-lhe a vida, e a presença na minha vida durante os anos que estivemos juntos, particularmente naqueles momentos em que mais precisei dela.

Sim, sinto muita saudade. A separação dos que se amam, por mais esperada, é muito dolorosa. Mas é inevitável. A sensação de ter feito tudo que podia por ela me tranqüiliza e me traz o equilíbrio para enfrentar o momento, e seguir em frente.

Claro, não poderia de dizer o quanto uma formação religiosa me ajuda, e dou os devidos créditos a Deus. Ou ao Cosmo, se você preferir.

Mas quero aqui prestar minha homenagem aos meus queridos amigos. Todos me confortando, muitos se colocando a disposição para me ajudar no que eu precise. Infelizmente, este vazio que ficou nenhum de vocês pode preencher; mas fico imensamente feliz só em saber que vocês estão por perto (mesmo só em pensamento!). Obrigado, de coração, por estarem - e continuarem - comigo!