23 de set. de 2008

Fidelidade partidária

Fico me perguntando sobre a importância da fidelidade partidária. Teoricamente, um filiado à um determinado partido político deve estar investido das diretrizes e da ideologia política deste partido. Baseados nisso, muitos eleitores tomam suas decisões, ou seja, votam nos candidatos do partido com que mais se identificam. Porém...

Tenho observado placas de candidatos que omitem um minimizam a sigla dos partidos pelos quais concorrem às eleições. Possíveis motivos:

1) O nome do partido é mais “fraco” que o nome de seu candidato (um produto é mais vendável que outro);

2) O candidato não quer vincular seu nome ao partido (tendo mais liberdade para sair para outro(s) partido(s), posteriormente.);

3) O partido não acredita muito no seu próprio candidato (não quer, também, vinculação dos nomes).

Em todos estes casos, fica claro a falta de importância da ideologia, da falta de compromisso com aquilo em que se acredita e que possa acrescentar algo à sociedade.

Alguns candidatos e defensores de candidatos prendem-se à ideologia de seus partidos, dentre eles o PT. Sim, o PT tem seus valores, mas não podemos esquecer que muitos de seus ex-membros, fidelíssimos ao partido, tiveram seus nomes envolvidos em escândalos: ou a ideologia do partido era muito discutível, ou seus excluídos afiliados não eram tão fiéis assim.

A meu ver, o que menos importa é a tal fidelidade partidária do candidato ou parlamentar, ou a ideologia do seu partido. As ações individuais em prol do coletivo é que determinam quem é joio e quem é trigo.

19 de set. de 2008

Vereadores: para que servem?

Segundo o site institutoagora.org.br, "um vereador tem duas funções principais: fiscalizar as ações da Prefeitura e legislar. A segunda implica em analisar e votar, aprovando ou rejeitando, projetos de lei apresentados pelos próprios parlamentares, pelo Executivo (Prefeitura) ou pela sociedade civil. O parlamentar, como parte de seu mandato, exerce suas funções também fora das salas do legislativo, seja visitando as comunidades ou participando de discussões sobre temas municipais em eventos fora da Câmara." (leia mais no site).

No Blog do Vítor a função é mais detalhada, mostrando o que realmente deve e pode fazer um vereador, que precisa, segundo o vítor, de capacidade conhecimento: "Muito do que eles prometem não têm possibilidade de tornar realidade em virtude de impedimentos legais."

P.S.: os grifos são por minha conta.


11 de set. de 2008

O candidato traço*

Aproveitando o momento eleitoreiro, uma sugestão à grande imprensa: FAZER com que os candidatos menos cotados nas pesquisas tenham mais espaço para expor suas idéias. Faz parte do processo democrático, já que a eleição não deveria ser disputada apenas entre aqueles candidatos que têm maior intenção de voto. A não ser, claro, que estes últimos tenham algum outro tipo de privilégio...

Mas, pensando como um dono de jornal: se tudo corresse muito bem nas administrações públicas no Brasil, que notícias eu venderia para a população? Os donos de jornal dos países de primeiro mundo devem ter esta resposta.

Eu tenho a minha e imagino que você, e-leitor, também tenha a sua.

(*) TRAÇO: Em mídia, expressão usada para definir audiências de rádio e TV muito pequenas, quase inexpressivas. (Dicionário da Propaganda)

Desacato

Nas repartições públicas estão afixados cartazes (na verdade, papéis A4 xerocados) informando uma lei que diz ser crime o desacato ao funcionário público no exercício da sua função. Concordo. Muitos contribuintes se exasperam e agridem verbal ou até mesmo fisicamente estes servidores, o que não é aceitável.
Para mostrar que a Lei é igual para todos, seria de bom tom fossem também afixados cartazes ao lado daqueles primeiros, informando ao público seus direitos em caso de negligência, imperícia e abuso de poder provenientes destes mesmos funcionários, seja qual for o cargo.

Já vi muita gente exasperada com e sem motivo justo. Já desacatei um mau funcionário público, há anos. “Peguei pesadíssimo”, mas ele mereceu. Ele tentou me humilhar em seguida, mas não me senti atingido, a não ser pela perda do meu emprego (que na época já não era grande coisa). Não me orgulho da agressão verbal; lamento pelo sistema corrupto que nos levou àquele episódio.

Como é apresentada, a Lei enche de poder funcionários públicos que não cumprem com seus deveres e nem respeitam o contribuinte, inferiorizando covardemente os seres humanos que deles dependem em determinados momentos.

Cabe um esclarecimento ao poder público, e deste aos seus colaboradores e usuários, de que o serviço público prestado não é favor, é obrigação, como qualquer outro trabalho remunerado. Com a diferença que o responsável pelo salário do servidor é exatamente o contribuinte. Posição, aliás, ocupada até mesmo pelo próprio servidor, em muitas ocasiões.

Isso me faz lembrar os “trotes” universitários de mau gosto: o calouro, ora humilhado, aguarda ansioso o próximo período, a sua vez de humilhar outros calouros.

Tá ruim.

Não é preciso freqüentar hospitais públicos, embora isto ajude a entender, para saber o que sofre a população que precisa deste serviço. Assim também é com relação à educação, à segurança e a outros serviços públicos. Os problemas estão aí, para quem tem olhos de ver e ouvidos de ouvir. As possíveis soluções, até os menos esclarecidos conhecem ou podem apresentar boas idéias.

Não, esse quadro caótico não é resultado da má administração publica atual, seja ela federal, municipal ou estadual. A culpa não é de César, Cabral ou Luis. Como também não é dos administradores anteriores. A questão é bem mais antiga e profunda.

Na verdade, o que menos importa é a quem cabe a responsabilidade pelo que acontece de ruim neste país, que prejudica os cidadãos mais humildes. Também não importa saber o que se pode fazer para mudar. O que realmente importa é o que será feito a partir deste exato momento em que você está lendo este artigo. O que eu farei, o que você fará, e o que cada cidadão, incluídos aí nossos administradores, fará para começarmos a subir a ladeira do progresso, não o progresso dos índices econômicos para ingleses verem, mas o progresso de uma vida mais digna e humana para nós mesmos, acima dos interesses e vaidades particulares.

Mãos á obra, então. Há muito trabalho a fazer.

Ah! Avisem, por favor, aos demais interessados. Mas só aos interessados. Muito ajuda quem não atrapalha.

3 de set. de 2008

Quatro horas é muito tempo.

Gosto da campanha da Justiça Eleitoral para o voto consciente nas eleições 2008, defesa contra os maus políticos, principalmente do comercial do cara que, quando fica nervoso, começa a sapatear. Situação absurda, na vida real, mas hilária no anúncio, porque é tratado como coisa séria. Minha mãe, velhinha, quase acreditou que o outro cara, do outro comercial, vivia há quatro anos com uma abelha no ouvido! Consegui convencê-la, com alguma dificuldade, de que esse caso é ficção.

A partir daí comecei a pensar na dupla utilidade da campanha. Muita gente sofre com outros problemas - ou inconveniências - reais por muito tempo, e nem se dá conta disso. Do calo no pé ao emprego que não satisfaz, passando pelo consumo compulsivo ou pelo marido violento, entre outras coisas, talvez agora estas pessoas conscientizem-se também que podem fazer algo a mais por si mesmas, seja por conta própria ou buscando alguma ajuda profissional.

Quatro minutos, quatro horas ou quatro anos, dependendo do tamanho do incômodo, é realmente muito tempo.

Cuidemo-nos!

1 X 0 é empate.

Há uma música do Pixinguinha chamada 1 X 0. Não sei ao que ela se refere, mas eu vou me referir, primeiramente, ao futebol. Há muitas equipes que, durante um jogo em que estão vencendo seu adversário por um a zero, recolhem-se covardemente à defensiva, mesmo se têm maior poder de ataque, esperando o final do jogo. Geralmente um jogo decisivo. Canso de ver este anti-jogo ser premiado com um gol do adversário. Aí, podem ocorrer dois movimentos: se o empate não interessa a nenhuma das equipes, recomeça a combatividade dos dois lados; se houver uma possível prorrogação ou disputa de pênaltis, a equipe mais defensiva vai fazer de tudo para não tomar outro gol e decidir a partida / título na sorte.

Fico pensando de onde parte tanta falta de confiança: se do técnico, da equipe, dos dirigentes ou do clube, de um modo geral. Mas a lição que fica é a de que 1 X 0 só serve quando a partida termina. Para mim que gosto de futebol disputado, preferencialmente com lances geniais (que alguns acham ser humilhação ao adversário!) e muitos gols, esse tipo de joguinho pelo 1 X 0 só irrita.

Saindo agora do futebol. Essa mentalidade pequena também atinge outros esportes. Basta ver o desempenho de alguns brasileiros nos Jogos Olímpicos de Pequim (ou “nas Olimpíadas”, só pra irritar meu amigo Cláudio I.!). Independentemente dos resultados, alguns atletas e equipes brasileiras “amarelaram” na hora da decisão. Alguns perderam sem lutar, embora estivessem lá. Palmas para os que venceram e para os que disputaram de igual para igual com os gringos. Palmas para os que perderam ousando, arriscando a vitória, dando tudo de si, como Daiane e Diego. Caíram, erraram, mas fiquei orgulhoso por eles não terem feito o “feijão com arroz” só para garantir o “1 X 0”.

A reflexão é mais profunda: Quantos de nós não jogamos também pelo um a zero em diversas situações da vida, pessoal e coletiva, e perdemos “os jogos”?

Aborto Elétrico

Precisei interromper o trabalho no Corel para escrever... Ouvindo, simultaneamente, o DVD que acabo de ganhar do meu irmão, “Aborto Elétrico”, do Capital Inicial, fui arremessado a um passado do qual conhecia parte: o início da história da Legião Urbana/ Renato Russo e do próprio Capital.

“Fátima” foi a canção responsável pela interrupção do trabalho. A versão, mais próxima do original – como as demais do DVD- é primorosa. Há que se fazer um exercício mental para imaginar Renato cantando, em vez do vocalista Dinho, que se esforçou muito para deixar de lado suas firulas vocais, o que deu uma ótima qualidade ao trabalho. Puro rock’roll. Ou punk rock, como você preferir.

A trajetória daqueles jovens me remeteu a alguns de meus sonhos e ideais deixados para trás, para me tornar uma pessoa comum.

A vida que agente leva não é nada igual aos anúncios de refrigerante, nem aos de cerveja (o bar da “Boa”, por exemplo, só na ficção mesmo. Infelizmente.)...