3 de ago. de 2011

Quem é o "povo", quem são os "políticos" e quem é você, afinal?

Li alguns comentários sobre a notícia "IOF incidirá no pagamento de conta com cartão de crédito", publicada no Y! Notícias, e deparei-me com o seguinte senso comum: a maioria esmagadora das pessoas  critica o governo e os parlamentares, dizendo que ou eles roubam, ou usam mal o dinheiro público; e criticam também o povo, que não sabe votar, escolher seus representantes. Falam, também, na passividade deste povo diante das decisões dos políticos, e que ele só se interessa por carnaval e futebol.

Até aí nenhuma novidade, tudo procede.

Mas algo muito importante é ignorado por estes críticos, por lapso de memória ou por conveniente inconsciência: de onde vêm os políticos senão do povo, e quem é o povo senão todos nós? Não importa se temos a oportunidade de ter mais conhecimento e se temos mais dinheiro que os outros, somos todos parte de um todo, e o que afeta a um, afetará a todos, mais cedo ou mais tarde. As células estragadas de uma laranja, por exemplo, vão contaminar todas as demais, passado um tempo; mas a laranja não tem escolha; nós temos. 

Somos condescendentes com nossos pequenos delitos e transgressões sociais, mas reprovamos os de nossos 'vizinhos', e geralmente acrescentamos alguma carga de preconceito contra seus atos.

É fácil dizer que eles, o "povo", votam mal quando temos a barriga cheia e uma casa confortável, quando não dependemos da caridade do "povo" e de políticos oportunistas, que em troca de votos oferecem todo tipo de benefícios. Além disso, se pesquisarmos a origem de cada um destes políticos, constataremos que a maioria deles vem de famílias abastadas e/ou instruídas, famílias estas que, queiramos ou não, fazem parte do todo; mas que se aproveitam da exploração do "povo".
Todos tomamos conhecimento, no nosso cotidiano, de um ou outro caso de suborno para resolver alguma questão de menos importância; todo mundo tem uma história pra contar, a da "cervejinha do guarda" é a mais comum; vemos na TV e nos jornais, no entanto, inúmeros casos de grandes empresas pagando propina a políticos e a governantes. A diferença entre uma e outra propina é apenas o valor ou a forma de pagamento; a falta de ética é a mesma para todos. Não importa se você é "povo", "político", "empresário" ou qualquer outra denominação; se já pagou ou recebeu algo ilícito, não tem o direito de criticar.
Mas pode fazer diferente, daqui em diante.

Esta 'laranja' chamada Brasil ainda pode ser salva, mas cada um precisa fazer a sua parte e, tanto quanto possível, ajudar o vizinho a fazer a sua.

Um comentário:

  1. sem palavras,o que dizer mais? Inspiradíssimo,parabéns!! Gostei muito.

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