Segundo o tenente-coronel João Fiorentini, comandante do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe) do Rio de janeiro, em entrevista à CBN-RJ (link no rodapé):
- Há torcidas (organizadas) que nunca se envolvem em episódios de violência;
- Há torcidas (organizadas) que sempre se envolvem nestes episódios;
- Nestas últimas, há indivíduos que não se envolvem em brigas;
- Os dirigentes de clubes apoiam TODAS as organizadas, sem distinção, e transferem a responsabilidade pela segurança unicamente à PM;
- O dirigentes de clubes não deveriam fornecer incentivos àquelas torcidas envolvidas em episódios de violência, colaborando assim não apenas com a PM, como também com a própria segurança dos demais torcedores; os clubes se põem de fora do problema que eles mesmos ajudam a provocar;
Todos os grandes clubes do país têm organizadas conhecidas pela violência. Os vascaínos envolvidos na briga do último domingo tiveram, por exemplo, ingressos subsidiados pelo clube (dos R$ 100,00 estes torcedores pagaram apenas R$ 25,00) além de ajuda no transporte da torcida. Todos os clubes provavelmente fazem o mesmo com suas torcidas.
Os brigões identificados, responsabilizados e punidos teriam de comparecer à delegacia nos horários dos jogos de seus clubes, mas há dúvidas se este controle é realizado. O que a PM faz é um controle visual para que estes indivíduos não adentrem no estádio, durante a punição.
Uma das organizadas citadas na entrevista tem sessenta mil sócios no Brasil (nem todos são brigões); é um negócio lucrativo, com a venda de camisas, bonés, agasalhos e outros itens. Quando sofrem punição mais severa e não podem entrar nos estádios, têm também prejuízo financeiro. Isso ajuda, um pouco, a conter a violência.
O que cabe perguntar é: Se aos dirigentes de clubes interessa apenas o número de torcedores nos estádios e o lucro; se aos dirigentes de torcidas organizadas, o lucro; e aos torcedores das organizadas ir aos estádios pelo menor preço possível (e aos brigões que delas participem, além disso, ter a oportunidade de trocar uns sopapos com quem quer que seja), quem é que "levantaria a bandeira" contra os tais incentivos dos clubes às torcidas organizadas?
Ótima entrevista com o comandante Fiorentini, com duração de 15 minutinhos: cbn.globoradio.globo.com