5 de abr. de 2009

Estamos aqui de passagem + Gratidão

Há alguns meses, numa tarde chuvosa de domingo, ouvi na rua uma batida seca, seguida de um “ai” bem alto e de um deslizar de pneus. Um ônibus havia atingido um motoqueiro; assisti de longe o motoqueiro deitado no chão, de capacete, mexendo-se um pouco; enquanto pessoas se aproximavam, pedi a minha família que estava dentro de casa acionasse os bombeiros para o socorro. Após a chegada deles, entrei para outros afazeres. Decorrido um tempo, fui ao terraço observar a cena novamente, e não pude deixar de ficar triste quando o homem permanecia no asfalto enquanto os bombeiros retiravam seus equipamentos e cobriam o corpo. Eu não esperava e nem estava preparado para este desfecho. Pensei de imediato na brevidade da vida. Num instante estamos aqui; no outro, podemos não mais estar. Não importa o motivo, quem bateu em quem (no caso, foi o ônibus que abalroou a moto); uma família perdeu um filho e/ou um “chefe”. O que podemos fazer nestas horas? Eu, faço preces, para o falecido e para seus entes queridos que ficam.

Por que ainda temos tanta dificuldade em lidar com algo inevitável?

Há poucos dias, minha mãe também partiu rumo a pátria espiritual. Creio, o que suaviza o momento que passamos (nós, a família) é a certeza de que fizemos “tudo” que nos foi possível para tornar seus dias melhores; e ela também fez sua parte. Tornando-se, por problemas de saúde, dependente no seu ir e vir (e, parcialmente, no seu pensar), pouquíssimas vezes a vi triste por causa disso. Nestas horas, eu contava alguma piada, fazia alguma palhaçada e ela ria. Outra pessoa viveria deprimida, mas ela sempre se manteve esperançosa aguardando dias melhores. Eu, por minha vez, acabei me limitando também, para não deixar que lhe faltasse o essencial: minha presença, meu “toque”. Abri mão de muitas coisas importantes para mim. Mas não me vanglorio disso; nem me arrependo. Reclamei muitas vezes, mas fiz o que ditava meu coração, em favor dela, mesmo sob as críticas de alguns (poucos), e sob elogios de outros (muitos, diretos e indiretos.)

Finda esta jornada dela aqui na Terra, só tenho a agradecer-lhe a vida, e a presença na minha vida durante os anos que estivemos juntos, particularmente naqueles momentos em que mais precisei dela.

Sim, sinto muita saudade. A separação dos que se amam, por mais esperada, é muito dolorosa. Mas é inevitável. A sensação de ter feito tudo que podia por ela me tranqüiliza e me traz o equilíbrio para enfrentar o momento, e seguir em frente.

Claro, não poderia de dizer o quanto uma formação religiosa me ajuda, e dou os devidos créditos a Deus. Ou ao Cosmo, se você preferir.

Mas quero aqui prestar minha homenagem aos meus queridos amigos. Todos me confortando, muitos se colocando a disposição para me ajudar no que eu precise. Infelizmente, este vazio que ficou nenhum de vocês pode preencher; mas fico imensamente feliz só em saber que vocês estão por perto (mesmo só em pensamento!). Obrigado, de coração, por estarem - e continuarem - comigo!

2 comentários:

  1. Foi um ônibus... e podia ter sido um tiro, um susto, um infarto... foi a "morte", enfim. Chegou para ele como chegará para todos nós. Com ou sem aviso, morremos. E não é tudo. Muito menos o fim. Bem - aventurados* os que não crêem na morte pois permanecerão vivos. Por enquanto, viva. Basta para o dia de hoje. Amanhã, veremos... Abraço!

    *Com ou sem hífen?

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  2. Edu, querido amigo. Lindo comentário seu no meu espaço Viajantes.
    vai lá, vc encontrará minha mensagem para Alzira e para vcs. É a minha homenagem a uma viajante q cumpriu o que veio aqui realizar e para vc , q ainda tem uma grande caminhada pela frente. Que sejam boas as estradas e belo o seu caminho!
    beijos,
    Izabel Viégas

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