26 de jul. de 2010

Os ídolos, o esporte, a torcida e... os negócios!

Assistindo ao GP da Alemanha de Fórmula Um, no último domingo, fiquei bastante decepcionado por ver o piloto que vencia a prova se deixar ultrapassar pelo companheiro de equipe, após a ordem de sua chefia. Embora esta ordem não tenha sido tão explícita (esta atitude é condenada pela Federação (FIA) e sujeita à punição), foi isso mesmo que aconteceu. Já aconteceu em poucas outras provas, mais ou menos abertamente. Chamam isso de “jogo de equipe”.
Minha decepção não foi pelo fato de ser um brasileiro o piloto que liderava a prova. Foi com aquilo que eu esperava de uma conduta desportiva. Aí, me ocorreu que esta conduta tem duas vertentes:
A do Piloto: de um desportista, espera-se o empenho; mas, principalmente, a vitória.
A da equipe: de uma equipe, espera-se o empenho do conjunto pela vitória.

Os verdadeiros amantes do esporte esperam somente que seu time/equipe ou atleta /esportista favorito vença, dentro das regras do jogo. No futebol, por exemplo, um zagueiro que salva um gol decisivo contra sua equipe defendendo a bola com as mãos numa Copa do Mundo não é uma coisa ética, mas as regras do jogo prevêem punição adequada para atleta e equipe (a punição, às vezes, beneficia o infrator, e vale à pena).
Se no futebol não é muito coerente torcer por um jogador sem torcer pelo time em que ele atua, na F1 não é diferente, pelo menos para os brasileiros que não possuem uma equipe representante nacional. Dessa forma, torcemos acima de tudo por nossos pilotos; a equipe vem em segundo, talvez em último plano: torcer para Massa, Barrichello, De Grassi e Bruno Senna (nossos atuais representantes), não implica torcer por suas equipes, embora haja quem torça por Ferrari, Lótus, Williams...
Ver um compatriota – Massa, ídolo, naquele momento - assumindo voluntariamente ou não aquela submissão (existem outras, dentro e fora do esporte) é muito desagradável e desestimulante para todos os brasileiros, principalmente para as crianças, que ainda não têm este discernimento. Por que entregar o jogo assim, sem resistência? Na penúltima Copa do mundo, um jogador da defesa brasileira se preocupava em ajeitar sua meia enquanto “o Brasil” estava sendo atacado, sofrendo um gol. Falta de brio. Postura perdedora.
Os torcedores italianos da F1, no entanto, pouco devem se importar quanto a ser um espanhol ou um brasileiro o vencedor, desde que seja pilotando uma Ferrari, a equipe italiana.
Os torcedores, italianos ou brasileiros, estão certos sob seus pontos de vista.

À equipe, interessa o título da temporada; o torcedor, nem importa tanto, para ela; deste ponto de vista, ela, está certa. Aquele de seus pilotos com maiores chances de conquista é o que vai receber, a cada prova, a maior atenção da chefia. Vimos isso muitas vezes envolvendo brasileiros. Alguns aceitam, obedientes, o papel de coadjuvantes; outros nem tanto: num esporte em que o destaque – teoricamente - deveria ser de uma dupla, mesmo que ambos sejam os que mais pontuaram no campeonato, só um deles será o vencedor. O quanto será que um atleta/piloto se importa com torcedor?

Mas há outro ponto de vista: o dos negócios. Aqui, o interesse são os lucros. Empresários e patrocinadores investem e aguardam, direta ou indiretamente, o retorno multiplicado do montante investido. Eles não se importam com equipes, pilotos, esporte, nem com torcedores. Para eles, pouco importa se Massa deixa Alonso passar, ou vice-versa; se isto foi criticado pela imprensa internacional; se é anti-desportivo; se o esporte perde credibilidade e público, ou mesmo se acaba: vão arranjar outra fonte de renda.
Eles, que não aparecem para dar explicações sobre nada, permanecem ocultos, atrás daqueles que desejam fama, poder, satisfação pessoal, ou reconhecimento do público. Importam-se unicamente com dinheiro. Do ponto de vista deles, estão certos.

Do meu ponto de vista, a F1 acaba de perder um admirador e espectador. Se nenhum deles se importa comigo...

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