A cara da MPB mudou muito, de uns anos pra cá. E eu não gosto da cara nova dela. Entendo por MPB aquela música brasileira que toca nas rádios, nas novelas, e nos programas de auditório... que está na boca do povo, enfim. Para mim, isso é popular.
À medida que precisava atender minhas necessidades auditivas (não confundir com elitismo), fui deixando de ouvir rádio, ao mesmo tempo em que comecei a selecionar várias músicas de que gosto em mp3, inclusive as de MPB, mas em sua imensa maioria aquelas da "cara antiga", que tem estilo e conteúdo agradáveis aos meus ouvidos. A vantagem é que quase sempre só ouço o que gosto, e a desvantagem é que vez ou outra surge um talento nacional do qual não tomo conhecimento a não ser em programas que passam na madrugada, ou em sites especializados.
Aí recebo a sugestão de ouvir a playlist (clique e ouça no "Zuim") do "Sobre a Canção", excelente sítio-blog de Tulio Villaça, que me despertou a lembrança de um tempo não tão distante em que haviam festivais de música - MPB - que, mesmo tendo vencedores questionáveis, premiavam o público com muitas canções bem elaboradas e executadas. Bons autores e intérpretes surgiram nestas ocasiões, ou "na carona" delas. E a gente ouvia suas músicas nas rádios e na TV. Mas a geração contestadora que consumia e produzia música na ocasião era fruto de uma geração anterior, questionadora. A geração atual, ao contrário, é apenas consumidora, muito passiva frente a tudo que a rodeia, inclusive a música que, capitaneada por um empresariado sem compromissos com conteúdo, aproveita-se desta passividade para empurrar seus produtos valendo-se apenas da estética (ou moda) dominante atualmente.
E desta estética, eu também não gosto, embora compreenda e tente respeitar.
Desse modo, esta playlist me apresentou alguns nomes e/ou músicas que eu desconhecia, ou que apenas conhecia de nome; algumas surpresas boas, como Grande Poder com Deá Trancoso e Cor de Sol com Delia Fischer; e algumas gratas recordações de canções que perdi no tempo, como a bela Beira Mar, do valoroso Zé Ramalho e Que Bom, Amigo, com o grande Milton Nascimento.
Uns talentosos já deixaram este mundo, alguns continuam por aí, e outros novos continuam surgindo, mesmo com o mínimo espaço na mídia atualmente dedicado a eles. É preciso alguma boa vontade para procurá-los e poder desfrutar de suas obras.
Felizmente, ainda há quem nos dê dicas e aponte estes "caminhos", e faça a gente cotinuar crendo num amanhã, ao menos musical, melhor.
Que bom, amigo!