28 de fev. de 2008

Auto-estima coletiva

"Um flagrante desrespeito à Lei”. Esta frase tem sido cada vez mais repetida nos jornais e telejornais dão uma idéia do comportamento “social” do brasileiro. Crimes, delitos, contravenções, falta de ética e imoralidades de todo tipo estão à nossa volta, a todo instante. Estou generalizando, claro, mas já não sei se falo de uma maioria ou de uma minoria.

Se a estima por si mesma, em cada indivíduo, pode ser alta ou baixa, quando em grupo os indivíduos caracterizam este grupo com o somatório de suas auto-estimas, prevalecendo a da maioria. Poderia auferir daí que este grupo tem alta ou baixa auto-estima.

Baseado no comportamento (geral) de meus companheiros de nação atrevo-me a dizer que o brasileiro tem baixa auto-estima. Só isso explica tantos “desrespeitos á Lei”, tanta falta de respeito ao semelhante e a si próprio, dos pequenos aos grandes gestos: o papelzinho de bala ou latinha de bebida jogado pela janela do carro, o avanço de sinal no trânsito que põe em risco pedestres e ocupantes de outros veículos, o não cumprimento ou retardamento das próprias funções profissionais sem motivo justo, furar fila onde quer que seja, fumar em local não permitido, transportar crianças pequenas no banco da frente, destruir o patrimônio público; tratar mal ou com indiferença os idosos, os deficientes e os mais humildes, trocar voto por favores de candidatos a cargos políticos; utilização de status ou de verbas públicas em proveito próprio... Poderia passar horas ou até dias listando, mas tiraria de você a oportunidade de refletir sobre quanta falta de cuidado consigo e com o outro estão implícitas nestas atitudes.


Não sou especialista –que fique bem claro
mas lamento que, se continuar nesse caminho, o Brasil entre numa profunda depressão social. Tratamento há, mas o melhor deles é a prevenção. Se a sociedade decidir que quer reagir, elevar sua auto-estima, que o faça, busque ajuda terapêutica, se for preciso; mas isso somente será possível através de cada indivíduo, inclusive e principalmente da minha e da sua atitude.

Botafogo X México


Há uma frase no México que diz, a cada competição perdida pela seleção de futebol daquele país:

“Jogamos como nunca; perdemos, como sempre.”

Aplicável, também, ao Botafogo, um time que tem jogado as finais do campeonato estadual, mas que não consegue o título, mesmo “jogando como nunca”.

3/3 de novela

Se dividíssemos o tempo de duração de uma novela em 3/3 (três terços), ficaria assim:

1º terço:
Importante para a ambientação do espectador e conhecimento do tema e perfil dos personagens;

2º terço:
Importante para as reviravoltas da trama, acentuação do conflito entre protagonistas e antagonistas;

3º terço:
Nenhuma importância, muita enrolação e merchandising (prefiro o termo inscript advertising!). É nesta fase que acontecem os grandes absurdos, os devaneios de autores e diretores. (É quando tenho dó de nossos maiores astros).

A única coisa que acontece de interessante no terceiro terço é o final da novela, quando acontece o que prevíamos já no primeiro terço e certificamo-nos no segundo. A graça em assistir ao final, para os menos atentos, é a de confirmar ou não O QUE aconteceria. Para os mais atentos (que procuram outras ocupações durante o terceiro terço) COMO aconteceria. Para estes últimos, o mais irritante e/ou lamentável é assistir a falta de criatividade e ousadia dos novelistas, extremamente repetitivos à cada história.

25 de fev. de 2008

Brinde!

Sou do tempo em que se ganhava brinde “de graça”. Quando digo “de graça” é somente para reforçar que bastava comprar um produto, fosse ele qual fosse, e o brinde já vinha junto ou era trocado em algum posto de venda, sem que fosse necessário desembolsar um tostão (tostão também é força de expressão. Sou do tempo do Cruzeiro!).

Atualmente, os brindes não são de graça. Exemplo: você compra o jornal por uma semana, um mês, sei lá; recorta os selos que foram publicados, cola-os numa cartela; leva a cartela ao ponto de venda, paga uma determinada quantia e... “ganha o brinde”, que pode ser uma miniatura de moto ou de carro. Assim é com vários outros produtos, de revistas à combustível, todos oferecendo carrinhos vermelhos famosos, chícaras personalizadas... uma infinidade de coisas.

Dia desses um vizinho reclamava ter de comprar um jornal todos os dias para atender ao pedido do filho, que queria uma miniatura de motocicleta, já que todos seus coleguinhas estavam conseguindo as suas. Esqueci de dizer que são vários modelos, ou seja, haja jornal (e haja dinheiro pra quem não o tem sobrando. Isso sem levar em conta a qualidade da informação que se está comprando!).

Eu gosto de brindes, mas se tenho de pagar por eles, deixam de ser brindes para ser produtos. Neste caso, eu prefiro escolher onde, quando e como adquirir o que quero. Sou publicitário, e talvez por isso não me atraia a possibilidade de usar algo pelo qual tive de pagar -mesmo que seja bom e bonito- com a propaganda ou logomarca de qualquer empresa. Gosto de camisas de times de futebol, por exemplo, mas só usaria se ganhasse (de graça!) ou se me pagassem para sair à rua vestindo uma camisa em que esteja estampada a marca do patrocinador do time.

No caso dos brindes pagos, se você normalmente já consome os produtos que os oferecem, está ótimo, já pode até parar esta leitura. Se for comprá-los apenas pelo brinde, veja se poderia adquiri-los (os objetos “brindes”) em algum outro lugar, e compare os preços com o total que você gastaria (total de jornais, por exemplo, + brinde). Veja o que vale mais a pena, sem esquecer que um vem com uma logomarca, e o outro, provavelmente, não. Ah! Se o valor do brinde for menor, lembre-se de que quem o oferece comprou-o por um custo bem menor que o vendido no mercado e, talvez, menor que o da troca.

Ao meu vizinho: Seria bem mais fácil se educar as crianças dizendo-lhes a verdade: “Papai não pode gastar mais do que ganha!”, ou então ir ao camelódromo (mercado popular) e comprar as miniaturas, quem sabe mais barato que o brinde, com a vantagem do garoto não ter de esperar tanto tempo para brincar com seus novos brinquedinhos.

Festa I

Penumbra, coloridas e intermitentes luzes, música alta, quase linear: Tum tum Tum tum Tum tum... jovens dançam há várias horas. Alguns buscam intimidade.

Ele (alto, sorrindo, atirado, entre um e outro gole de qualquer coisa): - E aí, beleza?

Ela (alto, forjando tímidez, entre um e outro gole de qualquer coisa): - Mariana. E você?

Ele: - Barra. Quebra-mar.

Ela: - Ah... E eu sagitário.

(Rápido beijo na boca)

Ele: - Fui!

Ela: - 9999-9999

Afastam-se. Outras bocas os esperam.

12 de fev. de 2008

luz ou Luz? No escurinho, sem cinema.

Claro que fiquei a pensar como os mais antigos se viravam sem TV, Internet, geladeira, microondas... Luz elétrica, enfim.

(No total, foram 16 horas sem energia elétrica, num trecho de minha rua (minha casa incluída) após a tempestade deste domingo e alguns curtos-circuitos* na rede elétrica, 10/02. Das 03:00 às 8:30 ainda pudemos contar com o ventilador para amenizar o calor ou espantar os mosquitos menos insistentes.)

Ficamos à luz de velas, eu basicamente sem saber o que fazer para passar o tempo. Conversamos um bocado, minha mãe tentando lembrar (após os AVC e AVE já sofridos) como era ao tempo dela criança e quando já tinha filhos (eu, mais novo, já passei dos 40...). Quando criança, havia o rádio a pilha, o lampião; se dormia e acordava cedo. No início da vida de casada, a energia vinha da casa de uns vizinhos (uma das primeiras casas da região onde mora até hoje), distante uns cem metros, se medido em linha reta; hoje o fio teria que dar algumas voltas, triplicando essa distância. Depois comprou um gerador, segundo ela. Logicamente, não lembro de nada disso: ou ainda não nascera, ou era muito miúdo.

Concordo que numa eventual falta de luz, principalmente em relação à TV e, particularmente, num domingo, não se perde muita coisa. O problema é o raio do hábito quando se está em casa e não se pode sair. Aproveitei um pouco desse tempo para ler um pouco: alguns capítulos de “Contos e Apólogos”, obra mediúnica do Irmão X (pseudônimo de Humberto de Campos, um de meus autores favoritos) via Chico Xavier. Para um viciado em televisão e dependente de Corel e Photoshop como eu, a falta de luz é um transtorno. Mas uma leitura dessas cai muitíssimo bem, trazendo uma outra energia, que serve para renovar a alma, principalmente nos dias conturbados em que vivemos. A primeira luz faz muita falta, mas esta segunda, com L “caixa-alta” é totalmente imprescindível.

(*) Se o plural estiver errado, a culpa é do Word...