27 de jun. de 2011

"Igreja Católica reconhece comunicação com os espíritos": como não se escreve um título/texto

Recebi por e-mail um artigo intitulado "IGREJA CATÓLICA RECONHECE COMUNICAÇÃO COM OS ESPÍRITOS", muito interessante por sinal, embora o tema não seja novidade para mim.

Encasquetei, no entanto, com esse negócio do 'reconhecimento' da Igreja Católica no título, com a ausência da origem do texto e por não citar nem mesmo o nome do livro que o originou...

Então fui em busca de mais informações, já que o texto não informava a fonte. Encontrei muitas reproduções do mesmo texto, e descobri, primeiro, que o livro existe mesmo:
Livro: Novas Utopias
Autor: Carlos Pereira
Espírito: Dom Hélder Câmara
Reflexões de um Padre depois da morte
Editora: LUMINUS
Páginas: 292.
ISBN: 8598080468
Mas nenhum indício de que a Igreja realmente tivesse reconhecido a comunicação com os espíritos, nem mesmo o espírito da ilustre figura de Dom Helder Câmara. Não vou comentar (até porque não encontrei nada sobre isso também) o aval de um dos citados, Marcelo Barros, ordenado padre por Dom Hélder e, que com ele trabalhou durante quase dez anos como secretário e assessor para assuntos ecumênicos.
Segundo o texto, tendo Marcelo prefaciado o livro em questão, "(...) é como se a Igreja Católica viesse a público reconhecer o erro no qual incorreu muitas vezes, ao negar a veracidade do fenômeno da comunicação entre vivos e mortos".
Convenhamos, dentro da hierarquia do catolicismo (não sou especialista...), caberia ao Papa, e não a um padre, esse reconhecimento, se realmente tivesse ocorrido.
Quando o texto menciona "é como se", passa uma idéia bastante equivocada ao afirmar algo baseado apenas numa comparação. Aproveitando a comparação: Se o título e o texto do artigo foram escritos por um espírita, é como se seu autor tivesse autoridade para fazer tal afirmação em nome da doutrina espírita, o que não é verdade, mesmo que o Espitirismo não tenha uma hierarquia definida.

Quero crer que tenha havido apenas uma inabilidade do autor com as palavras - coisa paradoxalmente tão comum nestes tempos em que a informação está em todo lado, tão ao alcance dos interessados. Mas desatenções como esta podem dar a falsa idéia de que todos os espíritas são irresponsáveis, ou manipuladores. Essas pessoas existem, mas elas podem estar dentro de qualquer instituição religiosa, sem que com isso sejam porta-vozes das religiões em que atuam. Todo cuidado é pouco na hora de generalizar. Na minha pesquisa, li alguns lamentáveis comentários de intolerantes religiosos. Para eles, qualquer coisa é motivo para atirar a primeira pedra.


Para quem desejar ver um texto que originou esta postagem, propositalmente deixado para o final: http://visaoespiritabr.com.br/jesus/dom-helder-camara-espirito#more-1745

Aqui, um exemplo de repercussão negativa: http://www.servosdocristoredentor.com/portal/?p=611

4 comentários:

  1. A vantagem - e ao mesmo tempo, a tristeza - de se ter mais idade, é ver o resultado da falta de informação e/ou da preguiça das pessoas menos experientes.

    A vantagem é que a gente sabe muita coisa por conta do acúmulo de informações obtidas com o tempo, que pode evitar que passemos algumas vergonhas. E ainda podemos rir um pouco quando os mais novos pensam que estão nos enganando!

    A tristeza é ter quase a certeza que ninguém liga mais nem para o que está informando, seja na forma ou no conteúdo, nem para a informação que recebe. E esse é um fenômeno recente e, me parece, crescente.

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  2. Gosto da idéia do ensino das religiões nas escolas, desde que a abordagem seja apenas histórica. Isso pode ser estimulante para os jovens buscarem mais conhecimento e aprenderem a ter mais respeito e tolerância para com todos. Em algum tempo, creio que levaria à quebra de preconceitos e a evitar informações distorcidas, seja por desconhecimento, seja por má fé de quem informa. E mesmo que haja má fé, uma pessoa esclarecida e atenta não se deixaria influenciar com facilidade.

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  3. Ah, e como vc, Bem, disse: "Isso vale pra religião, ideologia, economia etc. e tal."

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  4. sim, tenho feito minhas humildes pesquisas. Há um livro católico chamado ´´ Manuscrito do Purgatório ´´ - uma freira , falecida, ditou o livro para outra freita. É das Edições Paulinas. E há, no Vaticano, um museu ( fechado) sobre comunicações com os mortos. Pelo que aprendi até aqui, a igreja católica considera um milagre receber uma comunicação do além, já os espíritas dizem que é normal, natural, a interação entre encarnados e desencarnados.

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