As manhãs de uma certa emissora de TV aberta, empenhada em ser a número um do País, são dedicadas ao noticiário e à reportagens, aparentemente informativas, mas predominam as tragédias de todo tipo. Até aí, nada demais, só assiste quem quer.
Porém (ah, porém!), existe uma grande diferença entre a informação pura e simples, e o sensacionalismo. No caso do jornalismo desta emissora, esta diferença é reduzida de forma muito sutil, quase imperceptível. A notícia é dada, e quando tem algum desdobramento, ela pode ser repetida nos dias seguintes acrescentada de algum dado novo; aí entram as sutilezas: as reportagens no local do acontecimento com as pessoas envolvidas e com autoridades fazem-se acompanhar por uma trilha sonora apelativa (que pode ser de suspense ou de tristeza, conforme o caso e a intenção dos editores), pela repetição de imagens (que ajudam a esticar a matéria) e pela comparação com casos semelhantes ocorridos (dias, meses, anos ou décadas atrás), estes utilizando-se dos mesmos recursos (trilha, repetição, comparação...). A edição é, geralmente, muito bem feita, apesar do tema (e da repetição de imagens, que acho um recurso muito pobre). Não bastasse isso, exibem as notícias de desgraça uma imediatamente após outra, nem dando tempo pra gente pensar direito.
Ontem mesmo, eu acompanhava nesse canal o desdobramento de uma reportagem sobre uma moça que desaparecera em São Paulo, quando descobri pela reportagem que ela já havia sido encontrada, infelizmente assassinada, e o retrato falado do provável autor do crime já tinha sido divulgado; e não é que, quando me dei conta (necessário dizer que não faço apenas uma coisa de cada vez, estava também ao computador enquanto via TV), já tinha visto todos os familiares e amigos da jovem chorando, e começava a ver infográficos mostrando onde foram as lesões no corpo da vítima, enquanto uma repórter narrava os detalhes? Falei para mim mesmo:
-Êpa! Pra onde estão me levando? Não preciso deste lixo mental!
Desliguei a TV e coloquei músicas agradáveis para ouvir.
Que prazer mórbido é este de exibir reportagens assim? O que move estes jornalistas? Não sei, mas você pode tentar descobrir em uma outra postagem minha de um ano atrás: Telejornais, poupem-me dos detalhes sórdidos!
"ela comparação com casos semelhantes ocorridos (dias, meses, anos ou décadas atrás),"
ResponderExcluirE isso aumenta a sensação de insegurança. mesmo que os crimes venham caindo, o fato de que "apareceu" na Tv faz com que as pessoas tenham certeza que nós estamos a caminho do Juízo Final (aquela sacal, da Bíblia, nâo aquele bacana com robôs gigantes e carros envenenados no meio do deserto).
Falando no Livro Sagrado. Você não acha que na época do Antigo Testamento o mundo não era MUITO mais violento?
É, a programação da Record na hora do almoço dá engulhos. É a mesma tática tentada várias vezes pelo SBT em outros tempos: programas de apelo e baixaria para pegar um público classe baixa e roubar audiência da Globo. Nunca funcionou porque este público não atraia anunciantes. Só que agora este público está consumindo. E além disso, a IURD trabalha duro fazendo propaganda dentro das Igrejas...
ResponderExcluirAgora, nenhum instinto jornalístico justifica a exploração da imagem das vítimas. É vergonhoso, coisa de gente sem escrúpulos. E as pessoas ainda não se livraram do deslumbre pela tragédia alheia. Um dia amadurecemos, e banimos este tipo de absurdo.
Edu,
ResponderExcluirpassei para lhe dizer que indiquei seu blog pra ganhar um selinho... ;)
http://juenfrance.blogspot.com/2011/03/o-primeiro-selinho.html
Bjs
Anônimo, acho que o mundo é o mesmo há muito tempo. A diferença está no avanço das telecomunicações ao longo dos anos, o que hoje dá uma dimensão muito maior aos acontecimentos, e no fato de que alguns dos seres humanos realmente evoluíram, o que é algo muito particular, não é possível mensurar e, muito menos, vende "notícias".
ResponderExcluirTúlio, concordo plenamente: "Só que agora este público está consumindo."
ResponderExcluirConsumindo porcaria, infelizmente. Mas, realmente, creio que a sociedade vai amadurecer um dia.
Ju, minha querida 'francesinha': Não é meu primeiro selinho (Rsrsrs), mas prometo que não o esquecerei!
ResponderExcluirObrigado pelo carinho de sempre.